quarta-feira, 13 de novembro de 2013

PLAY - REC - PLAY - PAUSE - PLAY!



        A vida é feita de momentos. Alguns deles são tão marcantes que lembraremos pra sempre, enquanto que outros também marcantes gostaríamos de esquecer. Não é possível simplesmente apagar a memória. A lembrança é imortal, e às vezes ela se transforma pra melhor ou pior.
        Desde que eu era menino e toquei violão pela primeira vez, percebi que faria mais que apenas tocar os hits da época, eu faria minhas próprias músicas. Aos quatorze anos eu já tinha minha primeira banda e com músicas próprias. Bom, eu não era nenhum menino prodígio, mas era o começo de algo maior que se tornaria muito comum nos anos seguintes.
        No início era mais observação, escrevia coisas bonitas que os outros queriam ouvir. Depois fui ficando mais ousado, queria passar uma idéia na letra da música. Até que se tornou uma missão, uma obsessão. Minha forma de ver a vida e de comunicar os sentimentos assumiram a forma de canções.
        Muito do que eu precisava dizer ou fazer, eu simplesmente deixava passar. Mas logo surgia uma canção em resposta aquilo. Eu vivia de momentos que assistia e depois de compor alguma canção eu revivia quantas vezes quisesse.
        Era como imortalizar os momentos nas músicas. Eu adorava aquilo. Mas isso me distanciava das pessoas, eu vivia num mundo onde poucos me compreendiam. Geralmente os poucos amigos que conheciam minhas músicas. Quisera eu imortalizar apenas bons momentos, mas às vezes os momentos de inspiração são muito sombrios.
Melhor então deixar de lado por um tempo a composição e viver o momento presente, pois de que adianta rememorar mil lembranças e deixar passar o único momento real que temos de fato, que é o presente? E viva o agora! Pare um pouco e descanse, ou levante e corra, cante bem alto aquela música que você tanto gosta, sussurre um poema que aprendeu na infância, telefone pra alguém que você não vê há tempos... viva o agora, pois daqui alguns segundos, o presente já terá ido embora, e só restarão lembranças...

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

É mais que falar, é agir

Há um texto na Bíblia muito conhecido, mas que geralmente não é entendido em sua totalidade. Lemos poeticamente em Eclesiastes 3 que “(...) há tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir (...)”.
O sábio Salomão em suas divagações sobre a vida refletiu sobre o tempo, e sobre o que ocorre com o passar do tempo. Geralmente não chegamos ao final da leitura deste capítulo porque queremos que o tempo não passe, ou não mude, e principalmente não se acabe. Talvez o velho Salomão esteja apenas chamando a atenção para como terminará o tempo do homem. E para isso é preciso uma reflexão sobre como temos vivido, e o que temos feito com o tempo que nos resta.
O grande conselho aqui é que “(...) não há nada melhor para o homem do que ser feliz e praticar o bem enquanto vive. (...)” O que fazemos aqui conta muito. Quando decidimos que é tempo de chorar ou de sorrir, estamos fazendo escolhas que causarão efeitos futuros, e precisamos ser maduros pra aceitar as conseqüências, e também aprendermos “provocar” conseqüências boas.
No final do capítulo Salomão conclui que “(...) não há nada melhor para o homem do que desfrutar do seu trabalho, porque esta é a sua recompensa. (...)” Em outras palavras, o que construímos em vida com nosso esforço é o que deve ser aproveitado. Há um assunto escatológico que nos rouba esse tipo de meditação. Pensar no final dos tempos de maneira generalizada, arrebatamento da Igreja, julgamento final, todas essas coisas não podem ser mais importantes do que o momento presente.
É um pensamento completamente egoísta desejarmos que Jesus volte pra levar a Igreja embora deste mundo, pois o que essa ideologia nos mostra é que o cristão deseja “fugir” da realidade em que vivemos, mas o que virá depois da morte não nos cabe saber, só nos cabe que nos preparemos “vivendo felizes e praticando o bem” agora. E como fazemos isso? Seguindo os ensinamentos de Jesus.
O amor é a lei maior que deve reger nosso viver. Se chorarmos ou rirmos, que seja por amor; se prosseguirmos ou desistirmos, que seja por amor; se construirmos ou destruirmos, que seja por amor; se concordarmos ou discordarmos, que seja por amor. Quando houver dúvida sobre questões éticas, façamos como Jesus fez: pela lei, a prostituta deveria ser apedrejada, mas pelo amor ela foi perdoada (João 8:1-11). E que assim seja nossa vida hoje, é tempo de ser como Jesus.
São Francisco de Assis nos diz a respeito do que é ser um verdadeiro imitador de Cristo no sentido comportamental e orienta: “pregue o evangelho todo tempo, se for necessário, use palavras.” Ou seja, não é falar demasiadamente, mas agir, ter atitudes, provocar reações. E isso acontece aqui e agora, não apenas dentro de um grupo, mas no cotidiano da nossa vida social em todos os lugares. Que tal começar já?

sábado, 26 de outubro de 2013

“Sigam-me os bons”


            Quem é bom atrai seguidores. Seja por bom exemplo, convencimento, persuasão, obrigação ou dissimulação. Há inúmeros motivos que levam um grupo de pessoas a seguir alguém, e nem sempre aquele que é seguido é a melhor opção.
            Há algumas semanas vimos nas mídias que as manifestações pacíficas nas ruas tinham também um caráter agressivo e cheio de segundas intenções, fossem elas políticas ou ideológicas. Vimos também a figura do Papa visitando o Brasil quebrando alguns paradigmas católicos, aparentemente pra melhor. Mais recentemente vimos num programa de tevê um renomado pastor evangélico defendo a posição da Igreja dentro de um Estado laico.
            Tantas coisas acontecendo e eu me pergunto qual desses exemplos é o melhor. Talvez o melhor para um não seja o melhor para outro, então devemos pensar no significado do que é respeito. Um dos grandes dilemas da humanidade é reconhecer até onde vai o direito de cada um, por isso criamos leis.
            Pessoas boas querem seguir pessoas boas, mas muitas vezes não temos noção do que é bom. Porém, há algo em que devemos ter a mesma posição, e é referente a fazer o bem ao próximo. Não precisamos cantar a mesma música, nem usar a mesma roupa, tampouco praticar a mesma religião, mas precisamos desejar o que é bom.
            Tornar o mundo num lugar melhor para os nossos filhos não é o bastante. Precisamos criar filhos que sejam melhores que nós para o mundo. Pensamos tanto em arrebatamento da Igreja, bom, nem todos pensam, e adiamos decisões que precisamos tomar hoje, ou que deveríamos ter tomado ontem. Debatemos sobre temas como a santidade de Deus, nos tornamos militantes ferrenhos no facebook e nos perdemos em meio a tantos caminhos que mal conhecemos.
            Não sabemos se os que estão a nossa volta são adversários ou aliados, mas basta olhar a causa de cada um e saberemos. “Quem não é contra nós, é por nós”, disse Jesus em Marcos 9:40 (ler do verso 38 ao 40). Passamos muito tempo lutando entre nós, deveríamos nos unir em prol de algo maior, mais nobre, mais humano, divino.
            O quanto eu sou bom para que as pessoas sigam a mim em lugar de outro? O quanto sou bom pra admitir que sou eu quem deve seguir em lugar de ser seguido? Os bons seguem os bons. Se alguém segue verdadeiramente a Jesus, então esse evangelho é de confiança, e é esse cristianismo que devemos seguir.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Revolução!


Essa semana conversávamos na faculdade sobre um protesto dos cidadãos por conta do aumento do preço da passagem de ônibus. Há pouco tempo professores estavam em greve reivindicando melhores condições de trabalho e aumento de salário. Li em algum lugar que até mesmo os coletores fizeram paralisação recentemente.
Pode não parecer, mas isso é um indicador de que a população não está nada satisfeita com os serviços públicos, e mais insatisfeita ainda com os serviços que paga diariamente como transporte e educação. Há políticos corruptos, e também há os que acreditam ser possível o uso da política para fazer o bem sem tirar vantagem. Quando um candidato é eleito e ele vem do povo, parece que a população acredita mais nele, mas o tempo mostra todas as coisas.
Ainda nesta semana um jovem jogador famoso finalmente assinou contrato com um clube grande e despediu-se do Brasil. Num programa jornalístico assisti uma matéria sobre a vida do rapaz, que desde criança já mostrava que seria um grande jogador de futebol. Quantas crianças tem esse mesmo sonho?
Não dá pra esperar pela sorte. É como loteria, você joga, joga, joga, mas as chances reais de ganhar são quase inexistentes. É mais fácil ser um bom jogador de futebol ou um político do que ganhar na loteria. Parece que esse caminho da felicidade funciona pra alguns, mas a maioria vai ter que se contentar com um salário mínimo, e isso se conseguir algum emprego.
Chega uma hora em que essa maioria sofrida percebe que sua vida poderia ser melhor, descontentes pedem aumento ao patrão. Outros irão além e provocarão os colegas a protestarem juntos. Quando se identifica os objetivos em comum é mais fácil lutar, daí é possível começar uma revolução.
A revolução só ocorre quando o ser humano toma consciência, ou seja, quando ele se dá conta de que vive como escravo em condições precárias, enquanto outros poucos desfrutam de riqueza e conforto demasiado. Será que todos não possuem o mesmo direito? Alguém se importa com isso? Será que o político eleito pelo povo se importa? Será que o jogador famoso se importa?
Jesus, o Cristo, provocou uma revolução quando pisou nesse mundo. O mais interessante é que ele não fez nada que nós não possamos fazer em nossos dias. A pergunta é, será que queremos uma revolução? Ou será que nossas condições já estão boas e não precisamos lutar por nada? Nesse caso, e nossos irmãos? Será que não deveríamos lutar por eles? Não sei você, mas eu fico cada vez mais indignado com as coisas que tem acontecido no mundo. Luto por mim e por meus irmãos. Eu acredito na revolução!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

as vezes somos assim...

"Somos responsáveis pela propagação do evangelho, mas negamos algumas das maiores verdades divinas quando as limitamos aos moldes construídos com preconceitos e interesses de manipulação e poder."

sábado, 13 de abril de 2013

Qual é a sua dor?


          Se há algo que ninguém gosta naturalmente de sentir é dor. Sabe quando você sente aquela dor de dente ou de cabeça? Bom, pense em outro tipo de dor agora, algo que não tem relação com seu corpo, uma dor na alma, uma angústia no coração.
          Sabe quando você acorda e não tem vontade de se levantar, então pensa “lá vem mais um dia...”. Você busca forças onde não há mais esperança e chega a conclusão de que deve desistir de algo, deixar algumas coisas para trás, seguir outro rumo, afinal, sua dor é a maior do mundo e ninguém sabe o que você está passando, só você.
          O nosso problema é sempre o maior, ninguém nos entende, pois não estão na nossa pele. Mas vamos fazer um exercício de inverter as coisas agora. Imaginemos por um instante que podemos trocar de lugar com outra pessoa. Faremos que ela sinta o que nós sentimos, mas também sentiremos a dor dela. Pronto? Vamos tentar? Mas sente-se, talvez não seja uma experiência agradável.
          Imaginemos alguém que não tem casa, não tem onde dormir, nem o que comer, apenas algumas roupas velhas para vestir e nem sequer tem um desodorante pra disfarçar o mal cheiro pela falta de banho. Agora imagine alguém que não tem família, não tem ninguém pra conversar, está rodeado de pessoas na escola ou no trabalho, e até mesmo em casa, mas é como se fosse invisível, ninguém o percebe, ninguém se importa. E por último, imagine um idoso que foi abandonado pelos filhos, e vive agora pelos cantos em uma casa de repouso qualquer, ao lado de um orfanato onde crianças e adolescentes aguardam todos os dias que alguém apareça para lhes dar um lar, ou simplesmente fazer uma visita.
          Escolha qualquer um dos exemplos citados e troque de lugar com ele. Tente sentir a dor que eles sentem. Muitos deles se alimentam de uma esperança por algo que talvez nunca chegue. Porque essa esperança somos nós. Mas nós estamos muito ocupados com nosso cotidiano, pois temos que acordar cedo pra ir trabalhar enquanto muitos não tem emprego, estamos de saco cheio porque temos que fazer compras enquanto muitos não têm o que comer, ou estamos preocupados com a organização da festa de aniversário de algum parente enquanto muitos nem se lembram mais da data em que nasceram.
          Pois é, essa é a dor do mundo. Você a sente? Ou sente apenas a sua dor? Há uma virtude chamada “misericórdia” que muitos cristãos não sabem o que é. Dar uma oferta na igreja ou contribuir com alimentos parece ser o bastante, mas quem de nós já sentiu a dor do outro? Será que conseguimos perceber que há outra dor além da nossa que nós fingimos não ver? Por que se os olhos não veem o coração não sente...
          Enquanto sentirmos apenas a nossa dor, não estamos preparados para sermos cristãos, pois seguir o exemplo de Cristo implica em se compadecer pelo próximo. Será que temos amado nosso próximo como a nós mesmos? Sentimos a dor dele? Estamos fazendo algo para que essa dor seja amenizada? Fica aqui essa reflexão: se sentimos apenas a nossa dor, e não a dor do mundo, está na hora de revermos nossos principais conceitos de amor pela vida, não apenas pela nossa, mas também pela vida do próximo, afinal esse é o segundo mandamento, lembra?


quarta-feira, 3 de abril de 2013

Eu acredito no paraíso


É como um jardim fechado
Talvez como um jardim da Pérsia
Na terra ou então celeste
Quem sabe o jardim do éden

É o terceiro céu, talvez  sabor de mel
Pra quem fez boas obras, ou pra quem é fiel
Qualquer religião, judeu, cristão, pagão
Quem sabe é utopia, quem sabe é razão

Eu acredito no paraíso, eu acredito

Talvez seja a paz na terra
Um mundo livre sem mais guerras
A evolução de toda era
Em uma parte ou em toda esfera

É pra o ladrão da cruz, na morte viu a luz
É pra quem acredita num mundo bem melhor
Se é físico, real, se é imaginação
Estado de espírito, está na palma da mão

Eu acredito no paraíso, eu acredito

Transcendental, orgástico, celestial, cósmico!


(letra e música composta em 2011)

sexta-feira, 1 de março de 2013

São seus olhos...


O que realmente tem valor? O que é bonito? O que é feio? Com que parâmetros definimos essas coisas? O ramo da ética e o ramo da estética estão interligados  (e não me refiro aqui a estética do cuidado corporal). A estética é o ramo da filosofia que busca entender certos valores. O que a estética define como belo torna-se correto. Depois de um longo tempo surge um modelo padrão que define o que é belo e o que é feio.
Mas perceba, estamos falando de algo que muda de um lugar para o outro, de uma época para outra, como modismos. E essa “moda” com o tempo transforma-se em leis. Se você não segue o padrão da maioria, você está errado, ou seja, se a estética ditar que usar um sapato de cada cor é bonito, depois de um tempo essa estética vira ética e cria leis, e quem não usar um sapato de cada cor será taxado de cafona, antiquado, fora de moda ou até mesmo fora da lei.
O que chamamos de ética está relacionado diretamente a estética. Daí a importância de como “vemos” as coisas. E é nesse ponto que quero chamar a atenção. Temos nosso próprio padrão estético-ético porque possuímos capacidade de julgamento, e embasados em alguns valores que nem conhecemos direito, queremos impor o que é belo ou feio, certo ou errado, a partir de como vemos.
Há alguns dias assisti a um filme nacional de comédia com o título “E Aí, Comeu?” O roteiro é o seguinte: Recém separado, Fernando (Bruno Mazzeo) não se conforma com o fracasso de seu casamento com Vitória (Tainá Muller), enquanto seu amigo Honório (Marcos Palmeira), um jornalista machão casado com Leila (Dira Paes), não para de desconfiar que a esposa está traindo ele. Também amigo da dupla, Afonsinho (Emilio Orciollo Netto) sonha em ser um escritor de sucesso, tira onda de intelectual e se relaciona com prostitutas. Juntos, eles vão debater e descobrir qual é o papel deles nesse mundo povoado por mulheres, sejam elas interesses amorosos ou não.
Apesar dos palavrões e de algumas cenas apimentadas, consegui enxergar na história proposta uma mensagem muito rica que dificilmente vemos ser pregada nas igrejas da atualidade. O filme trata de questões simples do cotidiano referente a relacionamentos amorosos em que nós cristãos trataríamos de maneira preconceituosa. Não vou contar o final do filme, mas quero despertar sua curiosidade para algo que Jesus disse: “... se teus olhos forem bons, teu corpo será cheio de luz, mas se teus olhos forem maus, seu corpo estará cheio de trevas...” (Lucas 11:34).
A questão é: com que olhos você tem visto as coisas? Que tipo de estética você tem construído no seu interior? Que ética essa estética tem gerado? Que tipo de julgamento resultante disso tem influenciado em suas atitudes? Uma coisa é certa e posso afirmar, no filme há um final feliz, mas é o tipo de final que a igreja não acredita mais. Hoje somos tão egoístas que só importa o que Deus nos dá, já o amar ao próximo e o empenho em fazer da vida dele algo bom não é problema nosso, pois estamos muito ocupados com “nossas coisas”.
Ainda somos capazes de acreditar na restauração das famílias? Temos feito algo mais sólido para que isso ocorra? Estamos trabalhando para servir aos necessitados? Ainda acreditamos em “finais felizes?” Um filme brasileiro de comédia me incomodou com essas questões, pois me fez perceber que fora das quatro paredes em que nos reunimos toda semana há pessoas não cristãs que ainda acreditam em valores como a família, enquanto muitos de nós estamos desistindo de acreditar.
A forma com que vejo as coisas determina diretamente se o que há dentro de mim é luz ou escuridão. Como você tem visto as coisas? Pois como diz aquele velho ditado, “a maldade está nos olhos de quem a vê”.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Jesus Capitalista?



Uma ideologia materialista tem penetrado o evangelho de forma tão descarada e por vezes subliminar. Não culpo as pessoas por se renderem a isso, pois é um problema de gravidade maior que se alastra por séculos na sociedade capitalista, sutilmente.
Quando alguns reformadores finalmente rompem com a Igreja Católica e surge o Protestantismo, coisas boas e ruins resultam desse evento. Se antes a Igreja Católica pregava contra a luxúria e seus devotos deviam ser “pobres”, pois apenas os “escolhidos” de Deus poderiam ser prósperos (os líderes da igreja), depois da reforma protestante todos poderiam ser prósperos (a prosperidade terrena representava a benção de Deus).
Estamos falando de algo que ocorreu há cerca de 500 anos, pouco antes do descobrimento do Brasil. Essa separação da igreja ocorre oficialmente na Europa, mais precisamente na Alemanha e Inglaterra. Apesar de parecer algo distante do nosso tempo, alguns efeitos devastadores ecoam até nossos dias. Para quem quiser se aprofundar mais nessa questão historicamente, recomendo o livro “A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” de Max Weber.
Weber faz uma íntima relação entre o surgimento do protestantismo  (principalmente o calvinismo) com o surgimento do capitalismo (considerando aqui tudo de negativo que se possa imaginar sobre os efeitos do capitalismo, principalmente a desigualdade social e o fato de sermos escravos do trabalho).
Essa busca pela prosperidade terrena alavancou o capitalismo aumentando consideravelmente a desigualdade social. Sabemos que para alguns serem ricos, muitos precisam ser pobres. Nos países colonizados pelos ingleses as indústrias tiveram predominância protestante no controle do comércio. A doutrina de predestinação estava imposta: “eu sou um escolhido, por isso sou próspero”.
Essa crença de salvação para os bem-sucedidos demonstra o quanto o ser humano é apegado aos bens materiais. Podemos usar como pretexto que quanto mais ganhamos, mais investimos na igreja. Mas não é o que vemos na prática, principalmente nas mega-igrejas onde apóstolos do século XXI possuem jato particular e não saem na rua sem guarda-costas.
Em contraste a isso um homem muito simples se contentou com o arrependimento de pecadores e se preocupou mais com a transformação de valores éticos do que com prosperidade terrena. Este homem chamado Jesus não se ocupou em amontoar riquezas, sua ética era muito diferente da ética protestante, e seu Espírito em nada se compara com o espírito do capitalismo.
Quem é o Jesus que você conhece? O humilde filho de Deus que deu a vida por você e seu reino não se pode comprar; ou o dono do ouro e da prata, de quem você compra bênçãos com seus dízimos e ofertas?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Liderança Cristã, o que é isso?



Muito tem se falado e produzido sobre liderança cristã, mas a ideologia atual emprega conceitos de uma igreja-empresa, e isso muitas vezes tira o papel do líder religioso do seu foco. A pós-modernidade também contribui para que a proposta inicial de liderança cristã seja desviada, apesar de não parecer a princípio.
          Ao que parece, a evolução da igreja e do cargo de líder, são ao mesmo tempo a grande novidade e também a ruína do evangelho. São séculos de uma história sangrenta, de disputas de poderes, de hereges queimando na fogueira, e de esquecimento das bases do cristianismo primitivo.
A revolução industrial, a ocidentalização capitalista-calvinista, a expansão dos impérios e a evolução e queda das civilizações nos mostram o quanto estamos próximos de alcançarmos o maior triunfo da humanidade: conquistar o mundo. Um mundo de todos, mas que por interesses de uma elite é fracionado de forma a aumentar radicalmente a desigualdade social.
O problema do mundo não é a falta, mas o excesso de dinheiro. A crise mundial causa um expansionismo, pois o dinheiro precisa ser investido. A desigualdade social precisa existir para manter alguns no poder, porque para poucos ganharem muito, muitos precisam ganhar pouco.
Os líderes em geral sugerem trabalhar em equipe e o objetivo final parece ser o bem para povo. Infelizmente as pessoas não enxergam que estão apenas na submissão a essas lideranças antropofágicas, sendo sugadas, exauridas, dominadas, e ainda assim seguem cegamente esses “bons líderes” que não passam de “grandes ditadores”.
            Mas a liderança cristã deve seguir o modelo de Cristo (focando no principal que é o mestre e não nos seus seguidores). O maior líder da humanidade tem seu papel bem definido na história. O que Ele ensinou em sua essência é que não há padrões pré-estabelecidos. Deixando de lado, mas sem desconsiderar o contexto religioso, podemos dizer que Jesus “como homem” foi líder por excelência.
Ele fazia o que era preciso e não o que queria, ainda que isso lhe trouxesse inúmeras consequências como perseguição e morte. Seus ensinamentos são para todos os tempos, mas uma releitura sem a lente do cristianismo institucional faz-se necessária para compreender que liderar não é dominar, liderar é servir.
“O bom líder não busca interesses pessoais, ele faz o que os outros precisam.”
Trabalho sobre Liderança Cristã, 7º semestre do seminário IBBC Mandaqui.