Desde criança eu assistia um desenho
animado de carros que se transformavam em robôs, e até onde lembro foi uma das
primeiras coisas que desenhei antes mesmo de aprender a escrever. Recentemente
estreou nos cinemas o filme “Transformers 4 – A Era da Extinção”, do diretor
Michael Bay. Desde o primeiro filme desta franquia eu fiquei muito satisfeito
em ver algo da minha infância parecer tão real na tela de cinema. Esse novo
filme ultrapassou neste final de semana a marca de 1 bilhão de dólares em todo
o mundo e agora está entre os 19 filmes produzidos que já conseguiram essa arrecadação.
Na trama do filme destaca-se um Camaro
amarelo, veículo da Chevrolet, que é um robô alienígena que se transforma no
carro. Mas diante dos nossos olhos, não vemos que esse carro custa a
exorbitante quantia de 150 mil reais, usado. O dono de um carro desses passeia
sem perceber que abaixo de um viaduto por onde transita, vivem pessoas que não
possuem carro, nem casa, mendigam cada dia por trocados que usarão pra consumir
drogas, e se alimentam de restos de comida no lixo.
Há poucos dias assisti a um vídeo no facebook e refleti sobre algo inevitável.
No vídeo, gravado num celular por uma pessoa comum a caminho do trabalho ou de
casa, aparece uma multidão cantando “(...) à Ele a Glória, à Ele a Glória, à
Ele a Glória pra sempre amém.” Isso aconteceu na Estação de Metrô na República,
onde há um piano a disposição de quem quiser tocar. Então pensei no que faz uma
pessoa aproveitar uma oportunidade dessas, e começar a cantar e tocar, até que
se junta uma multidão louvando a Deus através da canção, por amor. Mas diante
dos nossos olhos, não vemos que geralmente são artistas que não tocam por um
cachê inferior a 20 mil reais.
Ainda esses dias li sobre a
inauguração da réplica do templo de Salomão e analisando as condições
necessárias para entrar no templo pensei no absurdo dessa situação. O templo
custou cerca de 685 milhões de reais e comporta 10 mil pessoas. O bispo
responsável e fundador da igreja proprietária do templo tem uma fortuna pessoal
estimada em 1 bilhão de dólares, segundo a revista americana Forbes. O que me incomodou mais foi a
falta de sentido que há nessa obra. Que eu me lembre, “(...) Deus não habita em
templos feitos por mãos de homens, (...)” (Atos 17.24), aprendi assim e está
escrito. Mas diante dos nossos olhos, não vemos que tanto dinheiro é investido
em coisas, e o que sobra para investir em pessoas?
Diante dos nossos olhos nos é apresentado
um mundo que nem sempre é real. Imagine a pintura de uma árvore. Imaginou? Se
alguém lhe perguntar o que é, talvez você responda que é uma árvore. Mas na
verdade é apenas a representação de uma árvore. Uma árvore de verdade pode
oferecer sombra e frutas, mas uma representação não. Assim são muitas coisas
que vemos.
No mundo real que eu vejo, o camaro
amarelo não é um robô alienígena, e muita gente nunca vai ter dinheiro pra
comprar um. A adoração verdadeira é espontânea e não pode ser cobrada, uma coisa
é adoração, outra coisa é ser artista profissional. Talvez seja possível ser
adorador e ser artista, mas cada função deve estar no seu devido lugar. Um
lindo templo pode ser a réplica perfeita descrita na Bíblia, mas depois que o Verbo
se tornou carne e habitou entre nós, nossa vida tornou-se a casa de Deus, o que
torna a reconstrução do templo de Salomão completamente desnecessária. É muito
fácil nos perdermos e geralmente nos confundimos entre o que é real e o que é
uma representação do real. A grande questão é que há o real e há o que parece
real, e precisamos saber diferenciar essas coisas para que vivamos uma vida
verdadeira. Agora olhe bem e tente realmente ver o que está diante dos seus
olhos...
Fontes: Preço do Camaro em mercadolivre.com.br; Informações sobre o filme Transformers em omelete.uol.com.br; Vídeo de louvor na
Estação de Metrô República em youtube.com;
lista de cachê dos artistas na Revista
Veja em 2009 e pavablog.com; Informações
sobre a réplica do templo de Salomão em veja.sp.abril.com.br.