Uma ideologia materialista tem penetrado
o evangelho de forma tão descarada e por vezes subliminar. Não culpo as pessoas
por se renderem a isso, pois é um problema de gravidade maior que se alastra
por séculos na sociedade capitalista, sutilmente.
Quando alguns reformadores
finalmente rompem com a Igreja Católica e surge o Protestantismo, coisas boas e
ruins resultam desse evento. Se antes a Igreja Católica pregava contra a
luxúria e seus devotos deviam ser “pobres”, pois apenas os “escolhidos” de Deus
poderiam ser prósperos (os líderes da igreja), depois da reforma protestante todos
poderiam ser prósperos (a prosperidade terrena representava a benção de Deus).
Estamos falando de algo que ocorreu
há cerca de 500 anos, pouco antes do descobrimento do Brasil. Essa separação da
igreja ocorre oficialmente na Europa, mais precisamente na Alemanha e
Inglaterra. Apesar de parecer algo distante do nosso tempo, alguns efeitos
devastadores ecoam até nossos dias. Para quem quiser se aprofundar mais nessa
questão historicamente, recomendo o livro “A ética Protestante e o Espírito do
Capitalismo” de Max Weber.
Weber faz uma íntima relação entre o
surgimento do protestantismo (principalmente
o calvinismo) com o surgimento do capitalismo (considerando aqui tudo de
negativo que se possa imaginar sobre os efeitos do capitalismo, principalmente
a desigualdade social e o fato de sermos escravos do trabalho).
Essa busca pela prosperidade terrena
alavancou o capitalismo aumentando consideravelmente a desigualdade social.
Sabemos que para alguns serem ricos, muitos precisam ser pobres. Nos países
colonizados pelos ingleses as indústrias tiveram predominância protestante no controle
do comércio. A doutrina de predestinação estava imposta: “eu sou um escolhido,
por isso sou próspero”.
Essa crença de salvação para os bem-sucedidos
demonstra o quanto o ser humano é apegado aos bens materiais. Podemos usar como
pretexto que quanto mais ganhamos, mais investimos na igreja. Mas não é o que
vemos na prática, principalmente nas mega-igrejas onde apóstolos do século XXI
possuem jato particular e não saem na rua sem guarda-costas.
Em contraste a isso um homem muito
simples se contentou com o arrependimento de pecadores e se preocupou mais com
a transformação de valores éticos do que com prosperidade terrena. Este homem
chamado Jesus não se ocupou em amontoar riquezas, sua ética era muito diferente
da ética protestante, e seu Espírito em nada se compara com o espírito do
capitalismo.
Quem é o Jesus que você conhece? O
humilde filho de Deus que deu a vida por você e seu reino não se pode comprar;
ou o dono do ouro e da prata, de quem você compra bênçãos com seus dízimos e
ofertas?