quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Jesus Capitalista?



Uma ideologia materialista tem penetrado o evangelho de forma tão descarada e por vezes subliminar. Não culpo as pessoas por se renderem a isso, pois é um problema de gravidade maior que se alastra por séculos na sociedade capitalista, sutilmente.
Quando alguns reformadores finalmente rompem com a Igreja Católica e surge o Protestantismo, coisas boas e ruins resultam desse evento. Se antes a Igreja Católica pregava contra a luxúria e seus devotos deviam ser “pobres”, pois apenas os “escolhidos” de Deus poderiam ser prósperos (os líderes da igreja), depois da reforma protestante todos poderiam ser prósperos (a prosperidade terrena representava a benção de Deus).
Estamos falando de algo que ocorreu há cerca de 500 anos, pouco antes do descobrimento do Brasil. Essa separação da igreja ocorre oficialmente na Europa, mais precisamente na Alemanha e Inglaterra. Apesar de parecer algo distante do nosso tempo, alguns efeitos devastadores ecoam até nossos dias. Para quem quiser se aprofundar mais nessa questão historicamente, recomendo o livro “A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” de Max Weber.
Weber faz uma íntima relação entre o surgimento do protestantismo  (principalmente o calvinismo) com o surgimento do capitalismo (considerando aqui tudo de negativo que se possa imaginar sobre os efeitos do capitalismo, principalmente a desigualdade social e o fato de sermos escravos do trabalho).
Essa busca pela prosperidade terrena alavancou o capitalismo aumentando consideravelmente a desigualdade social. Sabemos que para alguns serem ricos, muitos precisam ser pobres. Nos países colonizados pelos ingleses as indústrias tiveram predominância protestante no controle do comércio. A doutrina de predestinação estava imposta: “eu sou um escolhido, por isso sou próspero”.
Essa crença de salvação para os bem-sucedidos demonstra o quanto o ser humano é apegado aos bens materiais. Podemos usar como pretexto que quanto mais ganhamos, mais investimos na igreja. Mas não é o que vemos na prática, principalmente nas mega-igrejas onde apóstolos do século XXI possuem jato particular e não saem na rua sem guarda-costas.
Em contraste a isso um homem muito simples se contentou com o arrependimento de pecadores e se preocupou mais com a transformação de valores éticos do que com prosperidade terrena. Este homem chamado Jesus não se ocupou em amontoar riquezas, sua ética era muito diferente da ética protestante, e seu Espírito em nada se compara com o espírito do capitalismo.
Quem é o Jesus que você conhece? O humilde filho de Deus que deu a vida por você e seu reino não se pode comprar; ou o dono do ouro e da prata, de quem você compra bênçãos com seus dízimos e ofertas?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Liderança Cristã, o que é isso?



Muito tem se falado e produzido sobre liderança cristã, mas a ideologia atual emprega conceitos de uma igreja-empresa, e isso muitas vezes tira o papel do líder religioso do seu foco. A pós-modernidade também contribui para que a proposta inicial de liderança cristã seja desviada, apesar de não parecer a princípio.
          Ao que parece, a evolução da igreja e do cargo de líder, são ao mesmo tempo a grande novidade e também a ruína do evangelho. São séculos de uma história sangrenta, de disputas de poderes, de hereges queimando na fogueira, e de esquecimento das bases do cristianismo primitivo.
A revolução industrial, a ocidentalização capitalista-calvinista, a expansão dos impérios e a evolução e queda das civilizações nos mostram o quanto estamos próximos de alcançarmos o maior triunfo da humanidade: conquistar o mundo. Um mundo de todos, mas que por interesses de uma elite é fracionado de forma a aumentar radicalmente a desigualdade social.
O problema do mundo não é a falta, mas o excesso de dinheiro. A crise mundial causa um expansionismo, pois o dinheiro precisa ser investido. A desigualdade social precisa existir para manter alguns no poder, porque para poucos ganharem muito, muitos precisam ganhar pouco.
Os líderes em geral sugerem trabalhar em equipe e o objetivo final parece ser o bem para povo. Infelizmente as pessoas não enxergam que estão apenas na submissão a essas lideranças antropofágicas, sendo sugadas, exauridas, dominadas, e ainda assim seguem cegamente esses “bons líderes” que não passam de “grandes ditadores”.
            Mas a liderança cristã deve seguir o modelo de Cristo (focando no principal que é o mestre e não nos seus seguidores). O maior líder da humanidade tem seu papel bem definido na história. O que Ele ensinou em sua essência é que não há padrões pré-estabelecidos. Deixando de lado, mas sem desconsiderar o contexto religioso, podemos dizer que Jesus “como homem” foi líder por excelência.
Ele fazia o que era preciso e não o que queria, ainda que isso lhe trouxesse inúmeras consequências como perseguição e morte. Seus ensinamentos são para todos os tempos, mas uma releitura sem a lente do cristianismo institucional faz-se necessária para compreender que liderar não é dominar, liderar é servir.
“O bom líder não busca interesses pessoais, ele faz o que os outros precisam.”
Trabalho sobre Liderança Cristã, 7º semestre do seminário IBBC Mandaqui.