sexta-feira, 21 de março de 2014

Ministério Jovem



Parte 1
            Uma das maiores questões que atormentam a cabeça do jovem cristão é sobre “ministério”. Que na verdade é a mesma luta de qualquer outro jovem na busca de identidade. A diferença aqui parece ser a sacralização do ministério competindo com a simples busca de conhecer-se e realizar-se.
            Ouvimos tanto sobre o “ide” (Mc. 16.16), mas quem quer ser missionário e levar o evangelho lá na África? Será que algum de nós conseguiria abrir mão dos recursos tecnológicos modernos? E não estou me referindo a telefonia celular, mas a coisas simples como energia elétrica e saneamento básico.
            Dizem que jovens são preguiçosos, e honestamente, muitas vezes vejo mais vitalidade nos meus pais e nos meus sogros, do que em gente que tem idade pra ser neto deles. Ser jovem tem mais a ver com estado de espírito do que com idade. O jovem é a força, mas sem a experiência, é a ousadia, mas sem tanto compromisso. Será que é apenas isso mesmo?
            Falta objetividade na carreira do jovem, mas isso não é uma culpa direta dele. Nosso sistema de educação é uma vergonha, a geração passada não preparou uma estrutura para a atual, e tem sido assim há muitos séculos. O problema não é de hoje, talvez devêssemos voltar ao início e compreender melhor algumas coisas.
            O que é o ministério em si? Logo pensamos nos dons e espiritualizamos tudo. Não que eu ignore essa parte mais “mística”, mas talvez a gente exagere um pouco em alguns conceitos. Um exemplo: quem tem o dom da palavra será pastor. Mas quantos fora da igreja que também tem o “dom da palavra”, mas não objetivam o pastorado, pois nem ao menos são cristãos? Outros exemplos: há muitas pessoas fora da igreja que possuem o “dom de adquirir riquezas”, e até mesmo de “curar”... (penso nos médicos). Que dizer então dos “mestres”?
            Quem sabe a problemática do ministério jovem seja a falta de compreensão de sua própria identidade. Descobrir-se está para todos, e não é apenas uma questão ministerial, é encontrar o sentido da própria vida. Ministério vem de ministerium do latim, significa serviço, trabalho, sacerdócio.
            Então pensemos dessa maneira, que ministério é antes de tudo “servir”, se usaremos dons espirituais, sobrenaturais ou não, isso já é outro assunto. Pensando em serviço, vamos ao básico. A melhor forma de servir é fazendo o que fazemos de melhor naturalmente. Antes de irmos até a África levar o evangelho, talvez seja mais fácil evangelizar um vizinho ou um colega de trabalho, ou alguém dentro da nossa própria casa.

            A melhor forma de servir é sendo bom ao nosso próximo, desejando-lhe o bem, expressando o amor. São Francisco de Assis é autor de uma frase célebre, algo sobre “pregar o evangelho, e se necessário usar palavras.” Ou seja, não está no muito falar, mas no simples agir. O ministério jovem deve focar nisso, em sua energia, sua ousadia, agindo, sendo, e pra isso é preciso conhecer-se. Continuaremos esse assunto no próximo artigo.

Parte 2
            Conforme prometi na edição passada, continuaremos o assunto sobre o ministério jovem. Só pra recapitular, vimos que ministério significa servir, e pra servir, devemos fazer o que sabemos, mas para isso é necessário que conheçamos melhor a nós mesmos. Muitas vezes confundimos algumas coisas e levamos tudo para o lado muito espiritual e esquecemos que existe uma parte prática que é essencial.
            Não estou desvalorizando o contexto espiritual, só gostaria que vocês tentassem olhar de uma maneira “diferente”. Vamos usar dois exemplos: Davi matou Golias, mas antes disso já havia matado um leão e um urso; Paulo foi um nos maiores missionários da Igreja Primitiva, mas antes ele conheceu a geografia, a política, e a história de toda aquela região.
            Conseguem perceber que tanto Davi quanto Paulo foram potencializados por Deus em coisas que eles já possuíam alguma experiência? Pois é, aqui está o ponto que eu quero realmente abordar. Imagine alguém que passou a vida toda nas drogas e conseguiu ser liberto, e agora já cristão, esse alguém talvez seja mais qualificado para evangelizar viciados do que eu que estudei tanto, mas nunca tive a experiência de usar drogas.
            O que estou querendo dizer é que alguém que já experienciou determinadas situações, geralmente é o mais entendido para lidar com tal assunto. Agora pense em você. O que você sabe fazer? O que você tem de experiência? O quanto você já viveu? Quais os caminhos que você já traçou? Pois bem, é nisso que você provavelmente será bem sucedido.
            Voltando ao tema “ministério jovem”, não espere que aconteça algo para você começar, a partida já foi dada antes de você nascer, o quanto antes você começar, mais cedo vai conseguir conquistar. E lembre-se, nada é desperdício na nossa vida. Até mesmo de situações em que não vencemos, sabemos como é pela experiência de não vencer. Quando encontrarmos alguém em situação semelhante, saberemos conversar.
            Ministério é servir. E servir é muito mais do que tocar um instrumento, ou cantar, ou cumprir uma escala diaconal, ou participar de um programa da Igreja. Servir é demonstrar o amor de Deus com nosso próprio exemplo de vida. É claro que através de muitas atividades podemos servir, como tocar ou cantar, não quero que pareça que estou desvalorizando essas coisas. Mas pense que servimos a Deus. Um Deus invisível que nem ao menos podemos tocar.
            O ser humano foi criado a imagem e semelhança de Deus. Quando Jesus nos diz que devemos amar ao próximo, é porque a única maneira de realmente tocarmos Deus, é servindo ao nosso próximo. E como eu sirvo ao meu próximo? Como eu já sugeri, use tudo que você é, tudo que você tem, tudo que você sabe, em qualquer hora, em qualquer lugar. Não espere que você tenha cargos ou conquiste posições, seu ministério já é agora. O que você está esperando? Vai lá! Você já sabe o que deve fazer.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Herege / Reformador

"Todo reformador já foi considerado um herege, mas nem todo herege será um reformador... como saber? o tempo dirá."

by Kiko Pietro

sexta-feira, 7 de março de 2014

quarta-feira, 5 de março de 2014

Quero? Devo? Posso?


É terrível quando nos deparamos com situações e não sabemos como encará-las. Mesmo com valores cristãos, mesmo com as leis, e mesmo com nossos próprios valores construídos desde a infância sob a influência de mil coisas, há uma inquietação quando não conseguimos saber se tomamos a decisão certa.
Geralmente é mais fácil colocar regras negativas do tipo: “não posso fazer isso” ou “não devo fazer aquilo”, mas regras impositivas parecem ser mais difíceis, porque parece que estamos sendo obrigados. Porém é esse ponto que quero explorar: as coisas que devemos nos esforçar para fazer, e não apenas as que não devemos fazer.
O apóstolo Paulo escreveu aos romanos (7.19): “Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.” Um cantor de rock contemporâneo cantava em uma de suas composições a frase “às vezes faço o que quero, e às vezes faço o que tenho que fazer” (CBJR).
Há coisas que devemos fazer, mas não queremos, apesar de devermos fazer. Utilizemos o exemplo do próprio Cristo: em determinada ocasião Ele aparece quebrando tudo na frente do templo. Esse Jesus que curava, que amava, que ensinava, neste momento mais parecia um arruaceiro, um manifestante contra a política e religião corrupta da época (penso agora nas jornadas de junho). Por mais contraditório que pareça, era preciso fazer assim, havia um propósito maior.
Em outro momento esse mesmo Jesus, antes de ser preso e crucificado disse: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal.” (...) "Aba, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres". Este relato está em Marcos 14.32-36. Mesmo correndo o risco de ser mal interpretado, arrisco pensar aqui que Jesus poderia ter tomado uma decisão diferente, mas decidiu fazer o que era necessário.
Há um grande conflito dentro de cada um de nós sobre o que fazer, ou melhor, se devemos fazer ou não. E há três questões na vida que geralmente não conseguimos entender. São três ações que nos ajudam entender o que é ética. O filósofo e educador Mario Sergio Cortella escreve e palestra sobre esse tema de uma maneira muito eficiente e até divertida.
São três ações: “quero”, “devo”, e “posso”. O conflito ocorre quando eu quero, mas não devo; devo, mas não posso; e posso, mas não quero. Porém, é muito fácil entender o que devemos fazer relacionando essas três ações da seguinte forma: Quando o que quero é o que posso e é o que devo, isso trás paz de espírito.
E é assim que devemos encarar as diversas situações da vida, ponderando, refletindo, resolvendo, encarando, enfrentando, e não simplesmente nos afastando, nos calando, nos isolando, abandonando. Seremos lembrados pelas coisas que deixamos de fazer ou pelas coisas que fizemos? Pense nisso é faça, decida, lembre-se da fórmula “quero, devo, posso”, e sempre que estiver em dúvida sobre como proceder, pergunte-se “o que Jesus faria?”