Antes era igrejinha,
mas agora abriu um bar
Doce forma de energia,
ideologia pelo ar
Em todo canto há gente
fina, cordialidade é má
No recinto ou na
esquina, vende o corpo ou o pensar
Prostituição política e
a polícia a guardar
Profissão de fé em pé e
sem boné a professar
Padronização na voz e
até nas cores das gravatas
Radio e televisão é
pouco, entram mesmo é pelas portas
Politização da fé e nas
bancadas do congresso
É o progresso e a ordem
juntos rumo ao retrocesso
Liberdade não existe
quando a dita é dura lei
Patriarcalismo arcaico,
idade média outra vez
Não percebe quem tem
cota, mas religiosidade tem cor
O racismo e o
preconceito são conceitos sem amor
Pra amar tem que ter
alma, e é triste esse diálogo
Mas não tem a vida
eterna que tem parte com o diabo
Mas quem diabos é essa
fome que mata meio mundo?
Quem diabos é essa
falta de dinheiro aqui no submundo?
Quem diabos é a
contradição dessa teologia excludente?
E quem diabos são esses
crentes que querem ser presidente?
Antes era um cassino,
mas agora é igreja
Tudo rima com cerveja,
grana fácil e certeza
Aliados meus não são,
nosso Deus não é o mesmo
Eles querem céu de
ouro, eu só quero um travesseiro
O tal Jesus foi um
bastardo e excluído pelos seus
Mas seu amor trouxe
inclusão a tipos como você e eu
Essa idéia é muito
sagrada pra transformar em religião
Mas foi isso que
fizeram antes, e hoje continuam a tradição
Eu não sou um
profissional da fé
É difícil, mas continuo
aqui de pé
Dou minha cara pra
bater quantas vezes precisar
Sim, sou herege até o
fim, mas não cobro pra amar