A vida é feita de momentos. Alguns
deles são tão marcantes que lembraremos pra sempre, enquanto que outros também
marcantes gostaríamos de esquecer. Não é possível simplesmente apagar a
memória. A lembrança é imortal, e às vezes ela se transforma pra melhor ou
pior.
Desde que eu era menino e toquei
violão pela primeira vez, percebi que faria mais que apenas tocar os hits da
época, eu faria minhas próprias músicas. Aos quatorze anos eu já tinha minha
primeira banda e com músicas próprias. Bom, eu não era nenhum menino prodígio,
mas era o começo de algo maior que se tornaria muito comum nos anos seguintes.
No início era mais observação,
escrevia coisas bonitas que os outros queriam ouvir. Depois fui ficando mais
ousado, queria passar uma idéia na letra da música. Até que se tornou uma
missão, uma obsessão. Minha forma de ver a vida e de comunicar os sentimentos
assumiram a forma de canções.
Muito do que eu precisava dizer ou
fazer, eu simplesmente deixava passar. Mas logo surgia uma canção em resposta
aquilo. Eu vivia de momentos que assistia e depois de compor alguma canção eu
revivia quantas vezes quisesse.
Era como imortalizar os momentos nas
músicas. Eu adorava aquilo. Mas isso me distanciava das pessoas, eu vivia num
mundo onde poucos me compreendiam. Geralmente os poucos amigos que conheciam
minhas músicas. Quisera eu imortalizar apenas bons momentos, mas às vezes os momentos
de inspiração são muito sombrios.
Melhor então deixar de lado por um
tempo a composição e viver o momento presente, pois de que adianta rememorar
mil lembranças e deixar passar o único momento real que temos de fato, que é o
presente? E viva o agora! Pare um pouco e descanse, ou levante e corra, cante bem
alto aquela música que você tanto gosta, sussurre um poema que aprendeu na infância,
telefone pra alguém que você não vê há tempos... viva o agora, pois daqui
alguns segundos, o presente já terá ido embora, e só restarão lembranças...