Recentemente postei um breve
desabafo numa rede social a respeito do filme “Noé” estrelado por Russell
Crowe. Percebi que muitos cristãos criticaram o filme pelo fato de não seguir o
relato bíblico, e nessa hora todo mundo virou teólogo e deu palpite. Quantos
desses “críticos” sequer conheciam detalhes dessa história e provavelmente pela
primeira vez, após assistir o filme e acompanhar as redes sociais, finalmente
foram ler essa história na Bíblia.
A discussão que eu provoquei foi a
seguinte, que em lugar de criticar um filme que não passa de entretenimento e
belos efeitos visuais, deveriam atentar-se ao que tem-se pregado em suas
igrejas. Muitos se doeram e não compreenderam essa provocação da minha parte.
(O filme foi inspirado não só no relato da Bíblia, mas também em outras
literaturas não canônicas, daí as divergências teológicas).
Em outra ocasião, numa conversa
muito agradável com um primo também teólogo, falávamos sobre o Jesus que
conhecemos hoje. Chegamos a conclusão que muitas pessoas não conhecem
verdadeiramente o evangelho, e uma parte da culpa é dos pastores e mestres. O
evangelho barato e ladrão que entra em nossas casas pela tevê e internet nem
sempre é real. O Jesus que muitos pastores pregam não é o verdadeiro, então é
possível que muitos realmente não conheçam a mensagem da cruz e seu
significado, não sabem o que é a loucura da pregação.
Não pretendo abordar aqui a questão
do filme citado no início do artigo, não vou me posicionar quanto o propósito
dos diretores, mas também não defenderei aqueles que só se manifestam em
assuntos que estão “bombando” na rede. Meu foco com esse artigo é chamar a
atenção para o que temos aprendido e ensinado sobre o evangelho. Será que
sabemos do que estamos falando? Estamos crendo na coisa certa? Esse Jesus que
temos “visto” por aí é real?
Na conversa com meu primo, lembro
que eu disse em determinado momento: “se a gente estivesse em um lugar sem tevê
nem internet, ninguém conhecesse a Bíblia e não houvesse nenhuma por lá, se na
nossa camiseta não estivesse escrito Jesus e não tivéssemos um CD gospel, será
que apenas nossa vida bastaria para falarmos do amor de Deus?”
Não é obrigação do filme de
evangelizar. O “ide” é para nós, cristãos genuínos. Na verdade o evangelho é
simples, tão simples que uma criança o pregaria, pois o convencimento não vem
de quem prega, mas é espiritual, partindo de uma reflexão da própria pessoa.
Mas esse Jesus que não é real ocupa
o lugar mais importante em muitas igrejas, em muitas vidas, e em muitos
propósitos. Esse Jesus que não é real só salva quem lhe paga, e oferece riqueza
terrena em troca de obediência cega aos apóstolos do século XXI. Esse Jesus que
não é real arrasta multidões para megaeventos e está nas letras dos adoradores
do universo cristão contemporâneo.
Esse Jesus que não é real, não pode
salvar ninguém porque ele não existe e nunca existiu, a não ser na mente de
homens maliciosos que se utilizam de todos os recursos possíveis, passando-se
por pastores, enganando ovelhas e até mesmo lobos. São os verdadeiros vilões.
Mas para o nosso bem há um Jesus que é real, porém Ele não está em objetos que
podemos comprar, está dentro de nós, esperando que nossa vida aqui, continue
fazendo a obra que Ele começou. Este você conhece?