Há um texto na Bíblia muito conhecido,
mas que geralmente não é entendido em sua totalidade. Lemos poeticamente em
Eclesiastes 3 que “(...) há tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar
e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de
derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir (...)”.
O sábio Salomão em suas divagações
sobre a vida refletiu sobre o tempo, e sobre o que ocorre com o passar do
tempo. Geralmente não chegamos ao final da leitura deste capítulo porque
queremos que o tempo não passe, ou não mude, e principalmente não se acabe. Talvez
o velho Salomão esteja apenas chamando a atenção para como terminará o tempo do
homem. E para isso é preciso uma reflexão sobre como temos vivido, e o que
temos feito com o tempo que nos resta.
O grande conselho aqui é que “(...)
não há nada melhor para o homem do que ser feliz e praticar o bem enquanto
vive. (...)” O que fazemos aqui conta muito. Quando decidimos que é tempo de
chorar ou de sorrir, estamos fazendo escolhas que causarão efeitos futuros, e
precisamos ser maduros pra aceitar as conseqüências, e também aprendermos
“provocar” conseqüências boas.
No final do capítulo Salomão conclui
que “(...) não há nada melhor para o homem do que desfrutar do seu trabalho,
porque esta é a sua recompensa. (...)” Em outras palavras, o que construímos em
vida com nosso esforço é o que deve ser aproveitado. Há um assunto escatológico
que nos rouba esse tipo de meditação. Pensar no final dos tempos de maneira
generalizada, arrebatamento da Igreja, julgamento final, todas essas coisas não
podem ser mais importantes do que o momento presente.
É um pensamento completamente egoísta
desejarmos que Jesus volte pra levar a Igreja embora deste mundo, pois o que
essa ideologia nos mostra é que o cristão deseja “fugir” da realidade em que
vivemos, mas o que virá depois da morte não nos cabe saber, só nos cabe que nos
preparemos “vivendo felizes e praticando o bem” agora. E como fazemos isso?
Seguindo os ensinamentos de Jesus.
O amor é a lei maior que deve reger
nosso viver. Se chorarmos ou rirmos, que seja por amor; se prosseguirmos ou
desistirmos, que seja por amor; se construirmos ou destruirmos, que seja por
amor; se concordarmos ou discordarmos, que seja por amor. Quando houver dúvida
sobre questões éticas, façamos como Jesus fez: pela lei, a prostituta deveria
ser apedrejada, mas pelo amor ela foi perdoada (João 8:1-11). E que assim seja
nossa vida hoje, é tempo de ser como Jesus.
São Francisco de Assis nos diz a
respeito do que é ser um verdadeiro imitador de Cristo no sentido
comportamental e orienta: “pregue o evangelho todo tempo, se for necessário,
use palavras.” Ou seja, não é falar demasiadamente, mas agir, ter atitudes,
provocar reações. E isso acontece aqui e agora, não apenas dentro de um grupo,
mas no cotidiano da nossa vida social em todos os lugares. Que tal começar já?