quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O Caminho do Meio



            Outro dia na faculdade um aluno discutia com um professor durante a aula sobre as relações comerciais internacionais do Brasil desde antes da formação do Mercosul. O foco da conversa transitava entre a postura discreta e firme de direita do professor contra o posicionamento escancarado de esquerda do aluno.
            Esse assunto de direita e esquerda já me rendeu um bocado nas redes sociais durante as últimas 5 ou 6 semanas. Acredito ser um momento oportuno para uma análise a respeito desta temática. Numa primeira visão diríamos que a direita está mais para o conservadorismo enquanto que a esquerda está mais para a resistência.
            Proponho para essa reflexão alguns exemplos de comportamento do próprio Jesus mencionado nos evangelhos canonizados. A Igreja Primitiva possui algumas características de direita quando a interpretamos pelas ações de Paulo, lembrando que este era judeu e também romano, e o excesso de regras em seus conselhos são discutidas até hoje como a maior relevância, até mesmo mais que os exemplos deixados por Cristo. Já pelas ações de Pedro conseguimos enxergar uma Igreja bastante diferente, um tanto exclusiva para um grupo seleto.
            Mas vamos voltar um pouco mais. Pense em alguém mais radical do que o primo de Jesus, o profeta João Batista, que denunciou publicamente a podridão do governo de sua época e foi morto de uma forma injusta e violenta. Antes de Jesus temos este último profeta e depois de Jesus temos Pedro e Paulo, os dois primeiros grandes líderes da Igreja Primitiva. Vale lembrar que Pedro e Paulo demoraram muito para aceitarem que estavam do mesmo lado.
            Agora vejamos algumas atitudes e ações de Jesus que merecem nossa atenção seguindo a temática sugerida. Observamos um posicionamento de direita em Jesus quando ele procura o profeta para ser batizado, quando fala sobre o dever de pagar os impostos, quando reconhece a importância de sua genealogia, quando respeita as autoridades durante sua prisão, julgamento e execução. Mas também é possível ver esse mesmo Jesus tomando atitudes um tanto esquerdistas, no quebra-quebra que faz no templo, quando protege uma prostituta que segundo a lei deveria morrer apedrejada, nas inúmeras discussões com os fariseus e doutores da lei, quando cura no sábado, perdoando o ladrão ao seu lado na cruz.
            Enquanto a direita esperava por um Cristo revolucionário que tomaria o trono trazendo de volta glória ao reino, a esquerda esperava algo parecido, desde que o judaísmo fosse exaltado e recuperada as tradições mosaicas. Mas o que Jesus fala sobre seu reino? Que não é comida, nem bebida, mas de muita vida. Não está pautado em valores passageiros eu se prendem a costumes e leis humanas. É um reino que parece estar meio para a direita, outras vezes meio para a esquerda... porque na verdade está acima.
            Eu vejo um Jesus nas escrituras trilhando um caminho próprio entre os homens, um “caminho do meio”. Nem esquerda, nem direita. E é aqui que nos perdemos quando escolhemos um lado, pois não se trata de se filiar a um partido, mas de seguirmos padrões e valores que estão em outras coisas. O caminho do meio é um jogo de cintura, equilíbrio, é parecer estar do lado errado quando está no lado certo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Quem não é contra nós, é por nós.

Há uma enorme diferença entre religião e religiosidade. Na primeira geralmente anula-se qualquer outra em pról de uma única vertente Na segunda há a possibilidade de diálogo, respeito, e alcançar objetivos comuns. Qual das duas traria maior benefício ao mundo?

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

sabe de nada inocente...

depois de studar história eu so posso afirmar q política é um processo de longa duração, a gente vive hoje reflexos de eventos ocorridos ha décados, séculos... culpar uma pessoa pelo estado do Brasil atual é no mínimo ignorancia, ou arrogancia... levaria uma semana pra ter uma conversa dessas com esse pessoal que está se degldiando achando que sabe tudo. "sabe de nada inocente..."

passa-tempo de consultório

"Revista Veja" é leitura de passa-tempo em cunsultório... rs, científicamente, historicamente, politicamente, sinceramente, não serve.

evangélicos x marxismo

"as vezes tenho a impressao de que os evangelicos tanto odeiam no marxismo (e em outras teorias semalhantes) é a ideia de igualdade social, pq muitos nao estao prontos pra repartir e nem formar uma sociedade mais igualitária (ou nao querem)."

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

vote consciente para presidente 2014

"mais vale um presidente ateu com a benção de Deus, do que um presidente evangélico politicamente incapaz..."
fica a dica.

Aparências quem não enganam


Uma das coisas que me incomodam demais é quando vejo algo que parece, mas não é. Com o tempo ficamos mais aguçados, então é fácil perceber quando algumas coisas que parecem algo, na verdade não são. Muito me aborrecem situações em que alguém que se diz cristão, mas nas suas atitudes mostra algo diferente. Então encontramos um paradoxo, pois o sujeito diz uma coisa, mas vive outra coisa. Pior ainda quando ele não percebe que isso está acontecendo.
Conheço alguns educadores que são cristãos e dedicam suas vidas a formação de uma geração de crianças que nasceu de certa forma “estragada”. Então quando penso em educação, e ligo ao fator cristão, vejo uma série de questionamentos que nos cabem muito bem em épocas de campanha eleitoral. Quando vejo esses dois modelos (educador e cristão), mesclados na mesma pessoa, imagino como são dentro da sala de aula com os alunos (considerando o que sugeri sobre aquilo que parece, mas não é). Eles podem enganar a muitos porque possuem um cargo, mas nem sempre são modelos de bom exemplo para as crianças.
O sistema educacional tem passado por metamorfoses bizarras que certamente deixará muitos frutos. Se bons ou maus, depende de muitos aspectos. Eu gostaria de expressar neste artigo a minha insatisfação com nosso sistema de governo. Aproveitando que estamos às vésperas de eleições, peço gentilmente que votem com o coração. Não tenho candidato algum para sugerir. Não sei nem ao menos em quem votarei, ou se votarei. Mas fico muito atento ao que se fala sobre projetos de educação, pois é uma área que muito me interessa.
Como já mencionei, tenho alguns amigos e colegas que lecionam, e o que sei por eles é muito triste. Só não é mais triste do que o que vejo com meus próprios olhos durante meu estágio como aluno de licenciatura do Curso de História. Infelizmente a solução mais prática é substituir as graduações por cursos técnicos, pois nossos governantes não querem livres pensadores, já que pensam e decidem por nós. Querem apenas mão de obra.
Nada contra o ensino profissionalizante, mas o “saber pensar” está sendo encaixotado e qualquer tarefa está programada no “automático”. O saber pensar exige leitura, interpretação e crítica, e no dia em que as crianças aprenderem isso nas escolas é que começaremos caminhar na direção certa. Não existe proposta de governo que faça sentido se não houver investimento em ensino de qualidade. Claro que precisamos de muitas coisas aparentemente mais imediatas como alimentação, saúde, moradia e segurança, por exemplo. Mas enquanto as crianças iniciarem os estudos sem terem aprendido em casa o que é respeito, e concluírem o Ensino Médio semianalfabetos, não haverá mudança.
A escola é o “microcosmo” da sociedade. É nela que podemos perceber que tipo de sociedade está se formando. Pensando nisso, imagine que tipo de sociedade teremos em algumas décadas. Tarefa difícil aos educadores. Quanto aos educadores cristãos, mais difícil ainda. É preciso entender que o problema é muito mais sério do que parece, e nesse momento, ser um bom cristão fará toda a diferença. Pois num primeiro instante as aparências até que enganam, mas o tempo sempre mostra a verdade. E a mudança de uma sociedade não começa no coletivo, e sim no individual consciente.



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Diante dos nossos olhos


Desde criança eu assistia um desenho animado de carros que se transformavam em robôs, e até onde lembro foi uma das primeiras coisas que desenhei antes mesmo de aprender a escrever. Recentemente estreou nos cinemas o filme “Transformers 4 – A Era da Extinção”, do diretor Michael Bay. Desde o primeiro filme desta franquia eu fiquei muito satisfeito em ver algo da minha infância parecer tão real na tela de cinema. Esse novo filme ultrapassou neste final de semana a marca de 1 bilhão de dólares em todo o mundo e agora está entre os 19 filmes produzidos que já conseguiram essa arrecadação.
Na trama do filme destaca-se um Camaro amarelo, veículo da Chevrolet, que é um robô alienígena que se transforma no carro. Mas diante dos nossos olhos, não vemos que esse carro custa a exorbitante quantia de 150 mil reais, usado. O dono de um carro desses passeia sem perceber que abaixo de um viaduto por onde transita, vivem pessoas que não possuem carro, nem casa, mendigam cada dia por trocados que usarão pra consumir drogas, e se alimentam de restos de comida no lixo.
Há poucos dias assisti a um vídeo no facebook e refleti sobre algo inevitável. No vídeo, gravado num celular por uma pessoa comum a caminho do trabalho ou de casa, aparece uma multidão cantando “(...) à Ele a Glória, à Ele a Glória, à Ele a Glória pra sempre amém.” Isso aconteceu na Estação de Metrô na República, onde há um piano a disposição de quem quiser tocar. Então pensei no que faz uma pessoa aproveitar uma oportunidade dessas, e começar a cantar e tocar, até que se junta uma multidão louvando a Deus através da canção, por amor. Mas diante dos nossos olhos, não vemos que geralmente são artistas que não tocam por um cachê inferior a 20 mil reais.
Ainda esses dias li sobre a inauguração da réplica do templo de Salomão e analisando as condições necessárias para entrar no templo pensei no absurdo dessa situação. O templo custou cerca de 685 milhões de reais e comporta 10 mil pessoas. O bispo responsável e fundador da igreja proprietária do templo tem uma fortuna pessoal estimada em 1 bilhão de dólares, segundo a revista americana Forbes. O que me incomodou mais foi a falta de sentido que há nessa obra. Que eu me lembre, “(...) Deus não habita em templos feitos por mãos de homens, (...)” (Atos 17.24), aprendi assim e está escrito. Mas diante dos nossos olhos, não vemos que tanto dinheiro é investido em coisas, e o que sobra para investir em pessoas?
Diante dos nossos olhos nos é apresentado um mundo que nem sempre é real. Imagine a pintura de uma árvore. Imaginou? Se alguém lhe perguntar o que é, talvez você responda que é uma árvore. Mas na verdade é apenas a representação de uma árvore. Uma árvore de verdade pode oferecer sombra e frutas, mas uma representação não. Assim são muitas coisas que vemos.
No mundo real que eu vejo, o camaro amarelo não é um robô alienígena, e muita gente nunca vai ter dinheiro pra comprar um. A adoração verdadeira é espontânea e não pode ser cobrada, uma coisa é adoração, outra coisa é ser artista profissional. Talvez seja possível ser adorador e ser artista, mas cada função deve estar no seu devido lugar. Um lindo templo pode ser a réplica perfeita descrita na Bíblia, mas depois que o Verbo se tornou carne e habitou entre nós, nossa vida tornou-se a casa de Deus, o que torna a reconstrução do templo de Salomão completamente desnecessária. É muito fácil nos perdermos e geralmente nos confundimos entre o que é real e o que é uma representação do real. A grande questão é que há o real e há o que parece real, e precisamos saber diferenciar essas coisas para que vivamos uma vida verdadeira. Agora olhe bem e tente realmente ver o que está diante dos seus olhos...
Fontes: Preço do Camaro em mercadolivre.com.br; Informações sobre o filme Transformers em omelete.uol.com.br; Vídeo de louvor na Estação de Metrô República em youtube.com; lista de cachê dos artistas na Revista Veja em 2009 e pavablog.com; Informações sobre a réplica do templo de Salomão em veja.sp.abril.com.br.


domingo, 3 de agosto de 2014

O novo templo de "Salomão"

O novo templo de Salomão é um lugar de adquirir riquezas (pra alguns, enquanto outros pagam). Se essa onda de reconstruir o Antigo Testamento pegar, o que mais virá? Arca de Noé? Éden? Que tal os altares de pedra pra sacrificar animais? Eu não sei bem dizer o que é isso, mas "evangelho" com certeza não é...

terça-feira, 22 de julho de 2014

Nossas Histórias


            Geralmente escrevo sobre assuntos que causam alguma polêmica, mas neste artigo decidi compartilhar com vocês um pouco do que tem acontecido na minha vida nos últimos meses. Não sei se todos sabem, mas sou estudante de História cursando atualmente o último ano.
Quando entrei na faculdade no início de 2012 conheci minha esposa. Já no primeiro dia de aula foi amor a primeira vista. Seis meses depois fiquei noivo da Aninha, e em janeiro de 2013 nos casamos. A partir de 17 de janeiro de 2014 era a data prevista para nascer nossa filha (a data natural seria início de fevereiro), mas na manhã de Natal, dia 25 de dezembro de 2013 acordei com minha esposa dizendo “a bolsa estourou”.
Foi uma dificuldade para irmos ao hospital que era longe, onde tudo já estava reservado. No meio da correria um amigo da faculdade que mora perto de nós, prontamente atendeu nosso chamado e nos levou para que Pietra viesse ao mundo prematuramente um mês antes do previsto.
Durante os 32 dias que ficamos na UTI neonatal acompanhando o desenvolvimento da nossa filha, muitas coisas aconteceram. Uma das coisas que me marcou foi ver outras crianças tendo alta, enquanto a gente ficava lá sem previsão. Acompanhamos bem de perto o drama de algumas famílias que perderam seus filhos naquele lugar.
Cada dia que chegávamos e havia uma incubadora vazia não sabíamos se ficávamos felizes por uma possível alta, ou se chorávamos por mais um recém-nascido que não havia sobrevivido. Tentei me mostrar forte desde o início, precisava confortar minha esposa todos os dias, mas houve um dia que eu não aguentei, foi logo no início. O dia em que me disseram que minha esposa estava liberada pra ir pra casa, mas minha filha não.
Enquanto eu guardava as roupas na mala eu refletia, cada roupinha da Pietra que esperávamos vestir nela e em seguida vir embora, eu tive que guardar. Nessa hora minha esperança quase morreu e eu pensei “Deus, está em suas mãos”. Lembrei que algo semelhante havia acontecido comigo, quando nasci também fiquei na UTI, mas nunca imaginei que minha filha passaria por isso.
Mas milagre não explica, se vive. Depois de 32 dias a Pietra finalmente foi liberada e nosso desafio era voltar pra faculdade e cuidar dela ao mesmo tempo. Meus pais e minha sogra nos ajudaram muito nesse período e posso dizer que mesmo com toda dificuldade, com tanta gente desacreditando, fechamos o semestre com notas excelentes.
Quero deixar registrado aqui um agradecimento a todos que oraram e torceram por nós, aos amigos, parentes, irmãos, pastores, não tenho como colocar todos os nomes aqui, mas quero citar em especial o amigo Wilson que passou o dia de Natal conosco no hospital e passou suas férias de janeiro nos levando e trazendo quase todos os dias de visita a Pietra, e também ao tio Marcos que também foi nosso motorista por um tempo. Obrigado a todos, e principalmente a Deus, pois é Ele quem nos dá a vida, e nos deu a Pietra, nosso melhor presente de Natal!
Desejo construir um mundo melhor para minha filha, mas sei que minha parte nisso é ensiná-la a ser a parte melhor nesse mundo em crise. Que todos os pais tenham essa consciência de que não criamos filhos para nós mesmos, mas os criamos para que futuramente eles escrevam suas próprias histórias. E que nessas histórias não falte aventura, amor, compaixão, e fé em Deus.
Quer conhecer a Pietra? Veja os videos abaixo:

sábado, 19 de julho de 2014

Minhas “pérolas” na rede social


            Tenho me afastado um pouco de certos debates na rede social, mas honestamente, confesso que sinto falta. Há pessoas que brigam, relacionamentos findam, máscaras caem, mentiras são construídas, o mundo virtual é um lugar fantasma que não existe fisicamente, mas é onde muitos passam boa parte do seu tempo.
            Se me pedissem um conselho sobre ter ou não uma vida social virtual, eu diria que “depende”. Se for para ser saudável sou completamente a favor, mas se a pessoa não sabe utilizar os recursos e vive uma mentira, então apenas reproduzirá o que é na vida real.
            Seja onde for, seja você. Seja verdadeiro, pois na internet sua vida fica exposta e há coisas que nem sempre é bom “curtir” ou “compartilhar”. Eu tive dificuldade em manter uma postura na rede social que não comprometesse minha vida pública, porque as pessoas julgam o que escrevemos sem analisar o que estamos querendo realmente dizer.
            Com isso em mente resolvi compartilhar neste artigo 7 frases que postei sobre coisas que penso. Cada uma delas deveria ser interpretada no contexto em que as escrevi, mas acredito que mesmo sem o contexto original esses pensamentos são no mínimo interessantes. Então, pra quem não me acompanha no blog nem no facebook, escolha uma das frases abaixo e apenas reflita.
1 “pensando sobre paternidade, percebi que se por um lado a gente cresce, envelhece e amadurece, por outro lado a gente volta a ser criança... te amo filha”
2 “julguem minhas palavras, não meu silêncio, ouçam o que digo, não imaginem o que penso”
3 “Todo reformador já foi considerado um herege, mas nem todo herege será um reformador... como saber? o tempo dirá.”
4 “Somos responsáveis pela propagação do evangelho, mas negamos algumas das maiores verdades divinas quando as limitamos aos moldes construídos com preconceitos e interesses de manipulação e poder.”
5 “Melhor fazer mais e pensar sobre isso enquanto faz, do que gastar tempo com belos discursos cheios de frases que não são suas.”
6 “Muitas vezes há uma maneira melhor, mais correta de fazer determinadas coisas... Mas para isso é necessário admitir que nem sempre temos razão...

7 “Ser livre pra prender-se onde ou a quem se quer”

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Esse Jesus que não é real...


            Recentemente postei um breve desabafo numa rede social a respeito do filme “Noé” estrelado por Russell Crowe. Percebi que muitos cristãos criticaram o filme pelo fato de não seguir o relato bíblico, e nessa hora todo mundo virou teólogo e deu palpite. Quantos desses “críticos” sequer conheciam detalhes dessa história e provavelmente pela primeira vez, após assistir o filme e acompanhar as redes sociais, finalmente foram ler essa história na Bíblia.
            A discussão que eu provoquei foi a seguinte, que em lugar de criticar um filme que não passa de entretenimento e belos efeitos visuais, deveriam atentar-se ao que tem-se pregado em suas igrejas. Muitos se doeram e não compreenderam essa provocação da minha parte. (O filme foi inspirado não só no relato da Bíblia, mas também em outras literaturas não canônicas, daí as divergências teológicas).
            Em outra ocasião, numa conversa muito agradável com um primo também teólogo, falávamos sobre o Jesus que conhecemos hoje. Chegamos a conclusão que muitas pessoas não conhecem verdadeiramente o evangelho, e uma parte da culpa é dos pastores e mestres. O evangelho barato e ladrão que entra em nossas casas pela tevê e internet nem sempre é real. O Jesus que muitos pastores pregam não é o verdadeiro, então é possível que muitos realmente não conheçam a mensagem da cruz e seu significado, não sabem o que é a loucura da pregação.
            Não pretendo abordar aqui a questão do filme citado no início do artigo, não vou me posicionar quanto o propósito dos diretores, mas também não defenderei aqueles que só se manifestam em assuntos que estão “bombando” na rede. Meu foco com esse artigo é chamar a atenção para o que temos aprendido e ensinado sobre o evangelho. Será que sabemos do que estamos falando? Estamos crendo na coisa certa? Esse Jesus que temos “visto” por aí é real?
            Na conversa com meu primo, lembro que eu disse em determinado momento: “se a gente estivesse em um lugar sem tevê nem internet, ninguém conhecesse a Bíblia e não houvesse nenhuma por lá, se na nossa camiseta não estivesse escrito Jesus e não tivéssemos um CD gospel, será que apenas nossa vida bastaria para falarmos do amor de Deus?”
            Não é obrigação do filme de evangelizar. O “ide” é para nós, cristãos genuínos. Na verdade o evangelho é simples, tão simples que uma criança o pregaria, pois o convencimento não vem de quem prega, mas é espiritual, partindo de uma reflexão da própria pessoa.
            Mas esse Jesus que não é real ocupa o lugar mais importante em muitas igrejas, em muitas vidas, e em muitos propósitos. Esse Jesus que não é real só salva quem lhe paga, e oferece riqueza terrena em troca de obediência cega aos apóstolos do século XXI. Esse Jesus que não é real arrasta multidões para megaeventos e está nas letras dos adoradores do universo cristão contemporâneo.
            Esse Jesus que não é real, não pode salvar ninguém porque ele não existe e nunca existiu, a não ser na mente de homens maliciosos que se utilizam de todos os recursos possíveis, passando-se por pastores, enganando ovelhas e até mesmo lobos. São os verdadeiros vilões. Mas para o nosso bem há um Jesus que é real, porém Ele não está em objetos que podemos comprar, está dentro de nós, esperando que nossa vida aqui, continue fazendo a obra que Ele começou. Este você conhece?



segunda-feira, 2 de junho de 2014

paternidade

"pensando sobre paternidade, percebi que se por um lado a gente cresce, envelhece e amadurece, por outro lado a gente volta a ser criança... te amo filha"

sábado, 10 de maio de 2014

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Gentileza


happy day p/ vcs...

Fé x Razão


            Nas duas últimas semanas na faculdade experimentei momentos tensos e sombrios no curso de História. Estudamos diferentes temas em disciplinas específicas, mas os conteúdos se entrelaçaram de maneira a pesar e forçar uma reflexão sobre a vida, a humanidade, e consequentemente sobre a existência de Deus.
            Algo que muitos pensam sobre um curso de História é que o estudante cristão se tornará ateu e comunista. Eu preciso dizer que se alguém escolhe seguir outra religião ou ideologia depois de uma graduação, é porque o que estava em sua mente e coração, na verdade não tinha raízes profundas.
            Quando comecei o curso de História eu tentei me esvaziar e me despir de qualquer preconceito. Uma coisa é a gente aprender sobre algo diferente em relação ao que acreditamos, e outra coisa é estarmos fechados pra qualquer discussão a ponto de realmente não conseguirmos entender a nova mentalidade proposta.
            Mas como eu dizia, nas últimas duas semanas fomos bombardeados por textos, documentários e filmes sobre alguns eventos e massacres que foram cometidos pela humanidade contra ela própria. O mais incrível é que tanta tecnologia foi produzida por causa das guerras, mas nunca houve interesse em desenvolver técnicas para sanar a fome.
            Imagine que talvez já exista a cura para a AIDS, mas como há muito lucro com o tratamento então essa cura não pode ser revelada. Não vai me dizer que você nunca pensou nisso? Agora imagine que o voto eletrônico é o mais fácil de ser fraudado, e muitas pessoas ainda acreditam que os resultados das eleições não são manipulados. Agora imagine que algumas civilizações conseguiram desenvolver técnicas de agricultura há centenas ou milhares de anos sem os recursos que dispomos atualmente, mas ninguém consegue resolver o problema atual da fome mundial.
            Hoje alcançamos o mais alto nível de tecnologia, e olha que contradição, alcançamos também o maior nível de desumanização. As pessoas não valem mais nada. Houve uma troca de valores. Discutir sobre o desenvolvimento científico do século XX faz a gente se sentir muito pequeno. O quanto valemos para a sociedade atual? Sobre essa temática escrevi um artigo na faculdade:
“(...) O ser humano, e porque não chama-lo de “bicho-homem”, alcançou finalmente um estranhamento ao perceber que a vida não fazia mais sentido. Um semianalfabetismo era necessário para que uma calculadora fosse útil. Trabalhador inútil. Ai meu deus! Não, nem Deus.
A teologia encontrou problemas em coexistir com a ciência. Os textos sacros não podiam mais conter o avanço da mente humana, (...). Tornamo-nos deuses e criamos a vida em um frasco de laboratório.
Mas era o fator econômico que ditava as regras, afinal, para que gastar tanto se não for para ganhar mais? Cada invenção era voltada ao mercado capitalista, agora não mais um sistema emergente, mas uma ideologia concretizada. Será este o fim?”

Finalizando, de uma coisa estou certo, o que acredito é inabalável, e embora possa parecer para alguns uma incredulidade (no meio evangélico) e para outros uma abstração (no círculo acadêmico), tenho certeza que Jesus pisou nessa terra, a História comprova isso, e tenho certeza que Deus existe, pois o que a ciência tanto tenta encontrar, talvez não consiga porque é divino. E para quem pensa que estudar tira as pessoas da igreja, reavalie seus valores, pois ciência e fé podem sim andar de mãos dadas, e quando isso acontece a humanidade é favorecida, e pessoas são abençoadas.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

democracia e eleições

"e pensar que é democrático vc ser obrigado ir as urnas qdo nem ao menos há candidato que lhe interessa..."
by Kiko Pietro

sexta-feira, 21 de março de 2014

Ministério Jovem



Parte 1
            Uma das maiores questões que atormentam a cabeça do jovem cristão é sobre “ministério”. Que na verdade é a mesma luta de qualquer outro jovem na busca de identidade. A diferença aqui parece ser a sacralização do ministério competindo com a simples busca de conhecer-se e realizar-se.
            Ouvimos tanto sobre o “ide” (Mc. 16.16), mas quem quer ser missionário e levar o evangelho lá na África? Será que algum de nós conseguiria abrir mão dos recursos tecnológicos modernos? E não estou me referindo a telefonia celular, mas a coisas simples como energia elétrica e saneamento básico.
            Dizem que jovens são preguiçosos, e honestamente, muitas vezes vejo mais vitalidade nos meus pais e nos meus sogros, do que em gente que tem idade pra ser neto deles. Ser jovem tem mais a ver com estado de espírito do que com idade. O jovem é a força, mas sem a experiência, é a ousadia, mas sem tanto compromisso. Será que é apenas isso mesmo?
            Falta objetividade na carreira do jovem, mas isso não é uma culpa direta dele. Nosso sistema de educação é uma vergonha, a geração passada não preparou uma estrutura para a atual, e tem sido assim há muitos séculos. O problema não é de hoje, talvez devêssemos voltar ao início e compreender melhor algumas coisas.
            O que é o ministério em si? Logo pensamos nos dons e espiritualizamos tudo. Não que eu ignore essa parte mais “mística”, mas talvez a gente exagere um pouco em alguns conceitos. Um exemplo: quem tem o dom da palavra será pastor. Mas quantos fora da igreja que também tem o “dom da palavra”, mas não objetivam o pastorado, pois nem ao menos são cristãos? Outros exemplos: há muitas pessoas fora da igreja que possuem o “dom de adquirir riquezas”, e até mesmo de “curar”... (penso nos médicos). Que dizer então dos “mestres”?
            Quem sabe a problemática do ministério jovem seja a falta de compreensão de sua própria identidade. Descobrir-se está para todos, e não é apenas uma questão ministerial, é encontrar o sentido da própria vida. Ministério vem de ministerium do latim, significa serviço, trabalho, sacerdócio.
            Então pensemos dessa maneira, que ministério é antes de tudo “servir”, se usaremos dons espirituais, sobrenaturais ou não, isso já é outro assunto. Pensando em serviço, vamos ao básico. A melhor forma de servir é fazendo o que fazemos de melhor naturalmente. Antes de irmos até a África levar o evangelho, talvez seja mais fácil evangelizar um vizinho ou um colega de trabalho, ou alguém dentro da nossa própria casa.

            A melhor forma de servir é sendo bom ao nosso próximo, desejando-lhe o bem, expressando o amor. São Francisco de Assis é autor de uma frase célebre, algo sobre “pregar o evangelho, e se necessário usar palavras.” Ou seja, não está no muito falar, mas no simples agir. O ministério jovem deve focar nisso, em sua energia, sua ousadia, agindo, sendo, e pra isso é preciso conhecer-se. Continuaremos esse assunto no próximo artigo.

Parte 2
            Conforme prometi na edição passada, continuaremos o assunto sobre o ministério jovem. Só pra recapitular, vimos que ministério significa servir, e pra servir, devemos fazer o que sabemos, mas para isso é necessário que conheçamos melhor a nós mesmos. Muitas vezes confundimos algumas coisas e levamos tudo para o lado muito espiritual e esquecemos que existe uma parte prática que é essencial.
            Não estou desvalorizando o contexto espiritual, só gostaria que vocês tentassem olhar de uma maneira “diferente”. Vamos usar dois exemplos: Davi matou Golias, mas antes disso já havia matado um leão e um urso; Paulo foi um nos maiores missionários da Igreja Primitiva, mas antes ele conheceu a geografia, a política, e a história de toda aquela região.
            Conseguem perceber que tanto Davi quanto Paulo foram potencializados por Deus em coisas que eles já possuíam alguma experiência? Pois é, aqui está o ponto que eu quero realmente abordar. Imagine alguém que passou a vida toda nas drogas e conseguiu ser liberto, e agora já cristão, esse alguém talvez seja mais qualificado para evangelizar viciados do que eu que estudei tanto, mas nunca tive a experiência de usar drogas.
            O que estou querendo dizer é que alguém que já experienciou determinadas situações, geralmente é o mais entendido para lidar com tal assunto. Agora pense em você. O que você sabe fazer? O que você tem de experiência? O quanto você já viveu? Quais os caminhos que você já traçou? Pois bem, é nisso que você provavelmente será bem sucedido.
            Voltando ao tema “ministério jovem”, não espere que aconteça algo para você começar, a partida já foi dada antes de você nascer, o quanto antes você começar, mais cedo vai conseguir conquistar. E lembre-se, nada é desperdício na nossa vida. Até mesmo de situações em que não vencemos, sabemos como é pela experiência de não vencer. Quando encontrarmos alguém em situação semelhante, saberemos conversar.
            Ministério é servir. E servir é muito mais do que tocar um instrumento, ou cantar, ou cumprir uma escala diaconal, ou participar de um programa da Igreja. Servir é demonstrar o amor de Deus com nosso próprio exemplo de vida. É claro que através de muitas atividades podemos servir, como tocar ou cantar, não quero que pareça que estou desvalorizando essas coisas. Mas pense que servimos a Deus. Um Deus invisível que nem ao menos podemos tocar.
            O ser humano foi criado a imagem e semelhança de Deus. Quando Jesus nos diz que devemos amar ao próximo, é porque a única maneira de realmente tocarmos Deus, é servindo ao nosso próximo. E como eu sirvo ao meu próximo? Como eu já sugeri, use tudo que você é, tudo que você tem, tudo que você sabe, em qualquer hora, em qualquer lugar. Não espere que você tenha cargos ou conquiste posições, seu ministério já é agora. O que você está esperando? Vai lá! Você já sabe o que deve fazer.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Herege / Reformador

"Todo reformador já foi considerado um herege, mas nem todo herege será um reformador... como saber? o tempo dirá."

by Kiko Pietro

sexta-feira, 7 de março de 2014

quarta-feira, 5 de março de 2014

Quero? Devo? Posso?


É terrível quando nos deparamos com situações e não sabemos como encará-las. Mesmo com valores cristãos, mesmo com as leis, e mesmo com nossos próprios valores construídos desde a infância sob a influência de mil coisas, há uma inquietação quando não conseguimos saber se tomamos a decisão certa.
Geralmente é mais fácil colocar regras negativas do tipo: “não posso fazer isso” ou “não devo fazer aquilo”, mas regras impositivas parecem ser mais difíceis, porque parece que estamos sendo obrigados. Porém é esse ponto que quero explorar: as coisas que devemos nos esforçar para fazer, e não apenas as que não devemos fazer.
O apóstolo Paulo escreveu aos romanos (7.19): “Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.” Um cantor de rock contemporâneo cantava em uma de suas composições a frase “às vezes faço o que quero, e às vezes faço o que tenho que fazer” (CBJR).
Há coisas que devemos fazer, mas não queremos, apesar de devermos fazer. Utilizemos o exemplo do próprio Cristo: em determinada ocasião Ele aparece quebrando tudo na frente do templo. Esse Jesus que curava, que amava, que ensinava, neste momento mais parecia um arruaceiro, um manifestante contra a política e religião corrupta da época (penso agora nas jornadas de junho). Por mais contraditório que pareça, era preciso fazer assim, havia um propósito maior.
Em outro momento esse mesmo Jesus, antes de ser preso e crucificado disse: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal.” (...) "Aba, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres". Este relato está em Marcos 14.32-36. Mesmo correndo o risco de ser mal interpretado, arrisco pensar aqui que Jesus poderia ter tomado uma decisão diferente, mas decidiu fazer o que era necessário.
Há um grande conflito dentro de cada um de nós sobre o que fazer, ou melhor, se devemos fazer ou não. E há três questões na vida que geralmente não conseguimos entender. São três ações que nos ajudam entender o que é ética. O filósofo e educador Mario Sergio Cortella escreve e palestra sobre esse tema de uma maneira muito eficiente e até divertida.
São três ações: “quero”, “devo”, e “posso”. O conflito ocorre quando eu quero, mas não devo; devo, mas não posso; e posso, mas não quero. Porém, é muito fácil entender o que devemos fazer relacionando essas três ações da seguinte forma: Quando o que quero é o que posso e é o que devo, isso trás paz de espírito.
E é assim que devemos encarar as diversas situações da vida, ponderando, refletindo, resolvendo, encarando, enfrentando, e não simplesmente nos afastando, nos calando, nos isolando, abandonando. Seremos lembrados pelas coisas que deixamos de fazer ou pelas coisas que fizemos? Pense nisso é faça, decida, lembre-se da fórmula “quero, devo, posso”, e sempre que estiver em dúvida sobre como proceder, pergunte-se “o que Jesus faria?”


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

facebook x pizza

"...acho mesmo que a gente devia sair qualquer dia desses, comer umas pizzas e ter uma conversa sem reservas, sem bisbilhoteiros, olho no olho. Adoro facebook, mas pra preservar amizades, as vezes temos que nos afastar das pessoas por aqui..."
by Kiko Pietro

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Fazer, pensar, falar...

"Melhor fazer mais e pensar sobre isso enquanto faz, do que gastar tempo com belos discursos cheios de frases que não são suas."
by Kiko Pietro

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

admita...

"Muitas vezes há uma maneira melhor, mais correta de fazer determinadas coisas... Mas para isso é necessário admitir que você nem sempre teve razão..."
by Kiko Pietro

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

De volta as aulas


            Depois das aulas temos férias, depois das férias temos aulas, e o ciclo vai se repetindo. Temos um modelo de educação que surgiu na antiga Grécia, com raízes em Atenas e Esparta. Depois disso Roma domina, e aproveitando o modelo helenístico cria seus próprios modelos, que através de constantes transformações chegaram aos nossos dias no formato que conhecemos hoje.
            Na essência há algo muito próximo hoje da ideia original. Falando de educação, não que não existissem escolas antes da Grécia, estamos falando de modelos. O que há de igual é que a educação começa em casa, e o objetivo final é preparar o indivíduo para um determinado tipo de sociedade.
            O governo dá sua contribuição, pois tem interesse na formação de operários, a nação precisa crescer e o mundo capitalista é assim. O doutorado é para poucos, a maioria nem ao menos completa o Ensino Fundamental. O interesse hoje é formar mão de obra trabalhadora, e não mentes criativas e livres, críticas, donas de seu próprio saber.
            Um dos nossos erros é não gostar de estudar, e não somos culpados por isso, pois o que nos é oferecido geralmente não é atrativo. Começamos estudar e logo queremos férias porque é horrível passar pela experiência de termos que obedecer regras que não entendemos. E perceba que esse padrão escolar se repete no trabalho. Mas precisamos do salário, assim como precisamos do diploma.
            Nosso maior erro é pensar que o que aprendemos está apenas na escola ou em casa. Temos a capacidade de aprender com tudo que vemos, ouvimos ou tocamos. O ser humano é dotado de uma inteligência “divina” que o torna superior a qualquer outro animal. No entanto muitos não conseguem sobreviver, enquanto que animais irracionais constroem suas vidas em “sociedade” de maneira tão organizada que nos espanta (penso nas formigas e abelhas).
            A formiga e a abelha não trabalham, embora pareça. Elas fazem o que fazem por instinto de sobrevivência. Nós humanos estamos em outro nível, temos consciência. O trabalho é nossa produção cultural, e pense aqui a partir das coisas mais simples. Comer uma folha de alface arrancada do chão não é o bastante. Queremos misturá-la com cebola e tomates, colocar sal e azeite. Percebe nossa criatividade? Isso é cultura. Aos animais irracionais basta comer o que há, sem essa nossa preocupação de “melhorar” a aparência ou o gosto das coisas.
            Não deveria haver volta as aulas, pois nunca podemos parar de aprender. Estar nesse ciclo é o que nos tira a liberdade de nos soltarmos e aprendermos por prazer. Quando aprendemos, construímos. E assim fazemos cultura. Não somos animais irracionais, mas o sistema dominante de governo quer que pensemos que não temos escolha. Mas temos.

Nunca pare de estudar. Aprenda com o que vê, mas não veja apenas o óbvio, veja além, você é capaz. Aprenda ouvindo, aprenda com o tato, “pense”. Aprenda quando estiver ocupado e também quando estiver sem nada pra fazer, mas aprenda. Não espere que a sociedade determine que tal tempo é para estudar e tal tempo é para descansar, aprenda também com o descanso, aprenda sempre. Jesus ensinou o tempo todo, e a intenção de ensinar é que alguém aprenda. Se você aprendeu essa lição, então vá para o próximo capítulo. Parabéns, você está aprendendo!

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pela janela


            Abri a janela e vi o céu grande e azul acima de uma pastagem verdejante. Olhei para o canto da janela e cliquei no ícone de conexão para entrar em outro mundo, o virtual. Depois de alguns cliques um amigo apareceu dizendo algo sobre meu nome, ou melhor, um trocadilho com meu nome e o nome da minha filha.
            “Pedro, Pedro. Todos sabem que Pedro é rocha, mas pensar em Pietra está mais para pensar em rosa. (...) Pedro tem sua dureza, mas Pietra é pétala cheia de beleza.” Nem eu escreveria melhor. Sei lá. Chorei. Coração bateu forte no peito.
            Pensei em quantas coisas poderia estar fazendo, mas escolhi estar aqui, fazendo o que quero. Não que eu esteja tão no controle de tudo assim, na verdade estou deixando a vida seguir seu curso natural. E o que poderia ser mais natural do que a essa altura da vida, ser pai?
            Outro dia não consegui dormir e a vida passou pela minha memória ressaltando momentos que marcaram minha caminhada. Pensei no quanto aqueles pássaros cantavam alto e bem cedo, e entendi que meu mundo não era esse. Senti falta do barulho das máquinas.
Passei a vida ouvindo os “coolers” que refrigeravam os processadores dos computadores, ferramentas do meu antigo trabalho de designer. Quando uma música soou agradável aos meus ouvidos era o despertador, hora de acordar. Nada mais importava. Eu sou forte, decidido, mas se ferido eu choro feito rocha.
            Preciso olhar e ver o sol verdadeiro, caminhar na areia da praia, sentir o vento no rosto e os pés no chão. Oh mundo virtual, até quando serei teu refém? Não posso ao menos fazer um download sem ter que me cadastrar? Tenho número de R.G., número de C.P.F., número de I.P., tem uma “@” (arroba) no meu sobrenome.
Ainda que esteja tatuado em meu braço um código de barras identificando meu lugar nesse mundo, sei que não sou daqui. Sou de um mundo onde algumas regras não se aplicam, a lei da gravidade é questionável, e os direitos são iguais. Opa, seria esse mundo o mundo dos sonhos? Não posso afirmar.
Meu mundo é um misto de sonhos na cabeça, desejos no coração, e os pés no chão. Sentir o aroma das flores... Hoje sou Pedro, sou rocha, mas Pietra que vem é rosa. Quando eu penso em ser pai, penso na responsabilidade de trazer alguém a este mundo que eu tanto condeno em minhas inquietações infinitas.
Critico os sistemas e tento entender as pessoas. Sei que esse mundo pode não ser o melhor, mas é o único que temos realmente neste momento. Fazer daqui um lugar melhor para nossos filhos é o melhor que podemos fazer. Fazemos um mundo com pessoas. Ao olhar pela janela quero ver o céu, quero ver você. Sem cliques, sem “pop-ups”, apenas um mundo de verdade onde eu possa te olhar nos olhos e ver mais que reflexos, quero ver coração, caminhar com os pés no chão, além da janela.