O que realmente tem valor? O que é bonito? O que é feio? Com que parâmetros definimos essas coisas? O ramo da ética e o ramo da estética estão interligados (e não me refiro aqui a estética do cuidado corporal). A estética é o ramo da filosofia que busca entender certos valores. O que a estética define como belo torna-se correto. Depois de um longo tempo surge um modelo padrão que define o que é belo e o que é feio.
Mas perceba, estamos falando de algo
que muda de um lugar para o outro, de uma época para outra, como modismos. E
essa “moda” com o tempo transforma-se em leis. Se você não segue o padrão da
maioria, você está errado, ou seja, se a estética ditar que usar um sapato de
cada cor é bonito, depois de um tempo essa estética vira ética e cria leis, e quem
não usar um sapato de cada cor será taxado de cafona, antiquado, fora de moda
ou até mesmo fora da lei.
O que chamamos de ética está
relacionado diretamente a estética. Daí a importância de como “vemos” as
coisas. E é nesse ponto que quero chamar a atenção. Temos nosso próprio padrão
estético-ético porque possuímos capacidade de julgamento, e embasados em alguns
valores que nem conhecemos direito, queremos impor o que é belo ou feio, certo
ou errado, a partir de como vemos.
Há alguns dias assisti a um filme
nacional de comédia com o título “E Aí, Comeu?” O roteiro é o seguinte: Recém separado, Fernando (Bruno Mazzeo)
não se conforma com o fracasso de seu casamento com Vitória (Tainá Muller),
enquanto seu amigo Honório (Marcos Palmeira), um jornalista machão casado com
Leila (Dira Paes), não para de desconfiar que a esposa está traindo ele. Também
amigo da dupla, Afonsinho (Emilio Orciollo Netto) sonha em ser um escritor de
sucesso, tira onda de intelectual e se relaciona com prostitutas. Juntos, eles
vão debater e descobrir qual é o papel deles nesse mundo povoado por mulheres,
sejam elas interesses amorosos ou não.
Apesar dos
palavrões e de algumas cenas apimentadas, consegui enxergar na história
proposta uma mensagem muito rica que dificilmente vemos ser pregada nas igrejas
da atualidade. O filme trata de questões simples do cotidiano referente a
relacionamentos amorosos em que nós cristãos trataríamos de maneira preconceituosa.
Não vou contar o final do
filme, mas quero despertar sua curiosidade para algo que Jesus disse: “... se
teus olhos forem bons, teu corpo será cheio de luz, mas se teus olhos forem
maus, seu corpo estará cheio de trevas...” (Lucas 11:34).
A questão é: com que olhos você tem
visto as coisas? Que tipo de estética você tem construído no seu interior? Que
ética essa estética tem gerado? Que tipo de julgamento resultante disso tem
influenciado em suas atitudes? Uma coisa é certa e posso afirmar, no filme há
um final feliz, mas é o tipo de final que a igreja não acredita mais. Hoje
somos tão egoístas que só importa o que Deus nos dá, já o amar ao próximo e o
empenho em fazer da vida dele algo bom não é problema nosso, pois estamos muito
ocupados com “nossas coisas”.
Ainda somos capazes de acreditar na
restauração das famílias? Temos feito algo mais sólido para que isso ocorra?
Estamos trabalhando para servir aos necessitados? Ainda acreditamos em “finais
felizes?” Um filme brasileiro de comédia me incomodou com essas questões, pois
me fez perceber que fora das quatro paredes em que nos reunimos toda semana há
pessoas não cristãs que ainda acreditam em valores como a família, enquanto
muitos de nós estamos desistindo de acreditar.
A forma com que vejo as coisas
determina diretamente se o que há dentro de mim é luz ou escuridão. Como você
tem visto as coisas? Pois como diz aquele velho ditado, “a maldade está nos
olhos de quem a vê”.