sexta-feira, 1 de março de 2013

São seus olhos...


O que realmente tem valor? O que é bonito? O que é feio? Com que parâmetros definimos essas coisas? O ramo da ética e o ramo da estética estão interligados  (e não me refiro aqui a estética do cuidado corporal). A estética é o ramo da filosofia que busca entender certos valores. O que a estética define como belo torna-se correto. Depois de um longo tempo surge um modelo padrão que define o que é belo e o que é feio.
Mas perceba, estamos falando de algo que muda de um lugar para o outro, de uma época para outra, como modismos. E essa “moda” com o tempo transforma-se em leis. Se você não segue o padrão da maioria, você está errado, ou seja, se a estética ditar que usar um sapato de cada cor é bonito, depois de um tempo essa estética vira ética e cria leis, e quem não usar um sapato de cada cor será taxado de cafona, antiquado, fora de moda ou até mesmo fora da lei.
O que chamamos de ética está relacionado diretamente a estética. Daí a importância de como “vemos” as coisas. E é nesse ponto que quero chamar a atenção. Temos nosso próprio padrão estético-ético porque possuímos capacidade de julgamento, e embasados em alguns valores que nem conhecemos direito, queremos impor o que é belo ou feio, certo ou errado, a partir de como vemos.
Há alguns dias assisti a um filme nacional de comédia com o título “E Aí, Comeu?” O roteiro é o seguinte: Recém separado, Fernando (Bruno Mazzeo) não se conforma com o fracasso de seu casamento com Vitória (Tainá Muller), enquanto seu amigo Honório (Marcos Palmeira), um jornalista machão casado com Leila (Dira Paes), não para de desconfiar que a esposa está traindo ele. Também amigo da dupla, Afonsinho (Emilio Orciollo Netto) sonha em ser um escritor de sucesso, tira onda de intelectual e se relaciona com prostitutas. Juntos, eles vão debater e descobrir qual é o papel deles nesse mundo povoado por mulheres, sejam elas interesses amorosos ou não.
Apesar dos palavrões e de algumas cenas apimentadas, consegui enxergar na história proposta uma mensagem muito rica que dificilmente vemos ser pregada nas igrejas da atualidade. O filme trata de questões simples do cotidiano referente a relacionamentos amorosos em que nós cristãos trataríamos de maneira preconceituosa. Não vou contar o final do filme, mas quero despertar sua curiosidade para algo que Jesus disse: “... se teus olhos forem bons, teu corpo será cheio de luz, mas se teus olhos forem maus, seu corpo estará cheio de trevas...” (Lucas 11:34).
A questão é: com que olhos você tem visto as coisas? Que tipo de estética você tem construído no seu interior? Que ética essa estética tem gerado? Que tipo de julgamento resultante disso tem influenciado em suas atitudes? Uma coisa é certa e posso afirmar, no filme há um final feliz, mas é o tipo de final que a igreja não acredita mais. Hoje somos tão egoístas que só importa o que Deus nos dá, já o amar ao próximo e o empenho em fazer da vida dele algo bom não é problema nosso, pois estamos muito ocupados com “nossas coisas”.
Ainda somos capazes de acreditar na restauração das famílias? Temos feito algo mais sólido para que isso ocorra? Estamos trabalhando para servir aos necessitados? Ainda acreditamos em “finais felizes?” Um filme brasileiro de comédia me incomodou com essas questões, pois me fez perceber que fora das quatro paredes em que nos reunimos toda semana há pessoas não cristãs que ainda acreditam em valores como a família, enquanto muitos de nós estamos desistindo de acreditar.
A forma com que vejo as coisas determina diretamente se o que há dentro de mim é luz ou escuridão. Como você tem visto as coisas? Pois como diz aquele velho ditado, “a maldade está nos olhos de quem a vê”.