terça-feira, 31 de maio de 2016

Labuta


Na vastidão do campo
Ou na periferia da cidade
São tantos que ainda criança
E outros de idade
No geral compartilham crenças
Com algum respeito as diferenças
Há quem cure doenças
Há quem aplique sentenças
São juízes, advogados,
Comerciantes e abastados
Do outro lado pobres desesperados
Trabalhadores desempregados
Há quem nasceu em berço de ouro
Veste linho fino e couro
E há quem vive de brechó
Aluguel e crediário, que dó
Na essência são iguais
Não são deuses
São todos meros mortais
Mas há quem se vê como superior
Acreditando que são mais
Mais humanos, mais cheirosos
Mais espertos, mais despertos
E que os outros são objetos
São dejetos que protestam
Que há uma nítida separação
Entre os que são e os que tem
E é diferente quando se nasce
Com oportunidade ou sem
Mas há algo que não se pode mudar
É algo que vem de dentro
Pode chamar de dom, carisma
Caráter, habilidade ou talento
Tem gente que é bom de bola
Tem gente que é bom de escola
Há quem compre e há quem vende
Mas só o operário entende
Que no campo o na cidade
Seu lugar é no batente

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